Amar faz bem, mas não é fácil amar de verdade. O verdadeiro
amor exige o sacrifício de se perceber dependente dos outros para ser feliz.
Quem vive sozinho sofre para descobrir os porquês dos seus medos e não percebe
que a falta de amor os priva de enxergar esperança no caos, alegria na dor e
crescimento no erro. O verdadeiro amor só se torna uma realidade na vida de
quem souber compreender aqueles que precisam ser amados.
Os pais sabem que nenhum filho é mais importante do que o
outro, no entanto, o filho mais complicado acaba recebendo mais carinho, mais
atenção. Esse é o desafio de todos nós: amar de verdade, mesmo a quem não
merece, mas ainda sim se engrandece. O amor que damos àqueles que não merecem
serve de “combustível” para alimentar a relação. Uma vez abastecidos de amor,
os seres errantes se perceberão aceitos do jeito que são e terão razões de
sobra para acreditar na vida.
Amar, de verdade, é ter a capacidade de enxergar o outro
acima da superficialidade. Nossos olhares apressados nos impendem de ver a
beleza escondida atrás das imperfeições. Ninguém consegue amar se primeiro não
se humanizar, colocar-se no lugar do outro e fazer para ele aquilo que
gostaríamos que fizessem a nós. O verdadeiro amor só sobrevive onde há
compreensão; a condenação é o meio mais fácil de impedir o seu crescimento.
Ama de verdade quem parou de pensar só em si para se ocupar
em fazer alguém feliz. Já vi muitas receitas de felicidade, mas nenhuma é tão
eficaz como a iniciativa em ser útil aos outros. Abraçar quem não merece ser
abraçado e olhar nos olhos de quem insiste em nos condenar. Nossa felicidade só
se torna real quando é partilhada com alguém, e é por isso que, mesmo no meio
da adversidade, os que conseguem superar as diferenças alcançam a verdadeira
paz.
Se amar fosse fácil não veríamos tanta gente correndo atrás
de falsos amores. São essas as válvulas de escape que o mundo nos oferece para
tentar disfarçar em nós a falta de amor. As grandes festas são uma prova disso.
Enquanto o momento acontece, tudo parece estar resolvido dentro da gente, mas,
depois que a festa acaba, a vida volta à normalidade e percebemos que o vazio
em nós continua monstruoso.
Nada consegue suprir a falta do verdadeiro amor; só ele é capaz
de dar vida à nossa vida que, muitas vezes, perde a cor por culpa de nossa
teimosia em amar só um pouquinho com medo de se decepcionar.
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