segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.


A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.


A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(Marina Colassanti)

Deixe-se em paz.


Geralmente é o que se deseja intimamente: paz para o mundo, paz para todos, paz para os torcedores, paz para os moribundos, paz para os iraquianos. É um desejo legítimo, mas qual a nossa contribuição prática para ajudar a construir uma serenidade universal? O máximo que podemos fazer é garantir nossa própria paz. Portanto, esses são os meus votos: deixe-se em paz.

Parece uma frase grosseira, mas é apenas um desejo sincero e generoso. Deixe-se em paz. Não se cobre por não ter realizado tudo o que pretendia, não se culpe por ter falhado em alguns momentos, não se torture por ter sido contraditório, não se puna por não ter sido perfeito. Você fez o melhor que podia.

Aproveite para estabelecer metas mais prosaicas para o futuro que virá, ou até meta nenhuma. Que mania a gente tem de fazer listinha de resoluções, prometer mundos e fundos como se uma simples virada de ano bastasse para nos transformar numa pessoa mais completa e competente. Você será o que sempre foi – e isso já é muito bom, pois presumo que você não seja nenhum contraventor, apenas não consegue dar conta de todos os seus bons propósitos, quem consegue? Às vezes não dá. Vá no seu ritmo, siga sendo quem é, não espere entrar numa cabine e sair de lá vestido de super-homem ou de supermulher. Deixe de fantasias. Deixe-se em paz.

Se quer tomar alguma resolução, resolva ajudar os outros, fazer o bem, dedicar-se à coletividade, seja mais solidário. Não deixe os menos favorecidos na paz do abandono, na paz do esquecimento. Mas esquecer um pouco de você mesmo, pode. Deve. Não se enquadre em comportamentos que não lhe caracterizam, não se enjaule por causa de decisões das quais já se arrependeu, não se arrebente por causa de questionamentos incessantes. Liberte-se desses pensamentos todos, dessa busca sofrida por adequação e ao mesmo tempo por liberdade. Nossa, ser uma pessoa adequada e livre ao mesmo tempo é uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Será mesmo tão necessário pensar nisso agora? Deixe-se em paz.

Não dê tanta importância à melhor roupa para vestir, à melhor frase para o primeiro encontro, às calorias que deve queimar, à melhor resposta para quem lhe ofendeu, às perguntas que precisa fazer para se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Deixe-se em paz.

No fundo, estou escrevendo pra mim mesma. Não me deixo em paz. Estou sempre avaliando se agi certo ou errado, cultivo minhas dúvidas com adubo e custo a me perdoar. Tenho passe livre para o céu e também para o inferno. Preciso me deixar em paz, me largar de mão, me alforriar.

Só falta alguém ensinar como é que se faz isso.

(Martha Medeiros)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Não me interessa saber...


Não me interessa saber como você ganha a vida...Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração...Não me interessa saber sua idade...Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo...Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua...O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza, se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor...Quero saber se você consegue conviver com a sua dor, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la...Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta do seus dedos, sem se preocupar em ser cuidadoso, realista, ou em lembrar das limitações da condição humana...Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira...Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo...Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma, ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança...Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da sua vida...Quero saber se você consegue viver com o fracasso, e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia - Sim!...Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem...Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido, é capaz de fazer o que precisa ser feito para voltar à vida...Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui...Quero saber se vai permanecer no centro do fogo sem recuar...Não me interessa onde, o que ou com quem estudou...Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona...Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia... (Oriah Mountain Dreamer)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Por Natalia Pecorone

"Todo mundo que chega a beira do abismo, ou cai ou aprende a voar."

"Saber é quase sempre mais doloroso que permanecer na ignorância."

"Suspiros sempre vem acompanhados de pensamentos, bons ou ruins."

Clarisse Lispector

"Nos piores momentos lembre-se: quem é capaz de sofrer intensamente também pode ser capaz de intensa alegria."

"Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim."

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência, e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca ou não toca."

"Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo."

"Ora, não sou linda. Mas quando estou cheia de esperança, então de minha pessoa se irradia algo que talvez se possa chamar de beleza."

"Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos."

"Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais."

"Tenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio."

"Acredito que tudo que eu acredito hoje vai mudar com o tempo. E que, no futuro, talvez, eu acredite em menos coisas. Ou em nada mais. (...)"

"Não suporto meios termos. Por isso, não me dôo pela metade. Não sou sua meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada."

(@frasesdeclarisse)

Sapatos Vermelhos


De educação simples e humilde.Sempre fora muito recatada, avessa a badalações.

Certo dia acordou com uma estranha vontade de querer ser notada. Decidida a isso comprou um belo par de sapatos vermelhos.

Estava pronta para o Baile.

Lá chegando se deparou com um enorme e inusitado aviso:

“Não serão permitidos:
beijos de língua,
gestos obscenos
e sapatos vermelhos”


(Augusto Nesi)

Adeus ao "em off"


Antes de o ano terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de informações confidenciais pelo site Wikileaks, comprometendo as relações diplomáticas de diversos países e causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu tende a aplaudir que informações de trincheira venham a público, já que o que é tramado por organizações governamentais interessa a todos. Mas admito que há um certo idealismo nessa afirmação, pois dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da política. Já aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.Outro dia, assisti a uma reportagem em que se falava da invenção de uma touca de eletrodosque, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será patenteado e vendido nas Americanas. Enão vai parar aí: as pesquisas avançam, e logo será possível ler os pensamentos de outraspessoas. Nada pode ser mais invasivo, considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.Imagino que o mercado de trabalho dos detetives não esteja fácil. Quem precisa contratar os serviços de um profissional na era do Facebook e do Twitter? Ninguém faz mais nada escondido. E se fizer, câmeras estarão filmando a criatura desde o momento em que ela sai pela porta de casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro de bancos, restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas.Igrejas, sim. Não duvido.Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo para o YouTube. Todos sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.É um mundo mais seguro, reconheço. E mais rápido. Perder tempo é um esporte que ninguém mais pratica. Dar uma sumida, então, nem pensar. Não existem mais portas, não existem mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.Julian Assange, o criador do site Wikileaks, justifica a revelação de documentos confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o particular, o reservado. Estamos dando adeus à matériaprima da poesia, do sentimento, da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos outros — curiosamente, com tecnologia wireless.


(Martha Medeiros)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Eu cheiro os sons, eu ouço as cores.


A partir de agora pense como um “sinestésico”, daqui pra frente realize a leitura deste texto como um indivíduo que possa ouvir cores e cheirar sons.O Dr. Timothy Leary (1920-1996) Psicólogo e Filósofo Norte Americano, defensor e divulgador do uso do LSD ( ácido lisérgico ) elaborou mais de 20 teses científicas explorando a possibilidade de ouvir as cores e cheirar os sons através do uso de psicotrópicos.No entanto, existem pessoas que escutam os sons das cores sem o auxílio do método utilizado pelo professor Leary. Um sinestésico pode ouvir as cores e inclusive cheirar os sons.Para alguns pesquisadores a Sinestesia é um estado de confusão sensorial onde nossos sentidos confundem-se entre si e geram situações no mínimo surreais.Explicando popularmente, a sinestesia pode ser uma relação subjetiva, que se estabelece espontaneamente entre uma percepção, e outra que pertence ao domínio de um sentido totalmente diferente.Seria como um perfume invocar uma cor ou um som invocar uma imagem.Além de pitoresco, - e ao meu ver extremamente prazeroso - este fenômeno permite investigar um universo totalmente inédito onde nos damos conta de que quem realmente vê, sente e escuta não é o olho, o tato ou o ouvido, mas sim o cérebro.Para um portador de Sinestesia todas as cores possuem um sentido absolutamente ímpar, exclusivamente singular. As finalidades dadas ao uso das cores passam a ser um mero detalhe, quebrando inclusive as teorias de Cromoterapia, de Pintura Estética, de Marketing e de Propaganda que associam o uso de determinadas cores para divulgação, venda e consumo de alguns produtos.Quando descobri a Sinestesia através de um livro do Doutor Timothy Leary fiquei realmente impressionado, confesso que um pouco solícito e preocupado com os efeitos irreversíveis que uma pessoa portadora de tal anomalia apresenta, mas logo em seguida meus desejos e pensamentos foram da compaixão à inveja.Fiquei curioso e perplexo, sedento por novas informações recorri aos mais variados temas que abordassem o assunto.E inconscientemente, tornei-me um especialista no mesmo.Deixei de considerar o fato de que um sinestésico possa ter eventuais problemas profissionais ou melindres de adaptação social, exclui a possibilidade do surgimento de uma paranóia ou uma loucura e passei alguns dias tentando inutilmente decifrar o cheiro que exalava da música “Haja o que Houver” do conjunto português Madredeus, com o mesmo ímpeto fiz papel de louco tentando conversar com um sofá azul que tem na minha sala.Procurei afoito rever todas as grandes pinturas, de Rafael a Basquiat e por incrível que pareça - pasmem - ouvi uma voz saindo do quadro “ O grito “ do Norueguês Edvard Munch.Os “Girassóis” então...Deixaram-me quase surdo, como era seu pintor.Passaram-se alguns dias e treinando minha percepção sinestésica voluntária me aproximei rente a uma famosa gravura e recebi um singelo Bom-dia. Adivinhem de quem: da própria “La Gioconda”.Tornei-me um apreciador fervoroso dos tons pastéis, são os que mais falam coisas belas e o azul passou a ser meu confidente oficial, sempre prestativo, altruísta e otimista.Minha imaginação estava dando saltos de alegria, meus olhos lacrimejavam, meus sentidos totalmente enlouquecidos não sabiam mais pra que serviam, as pessoas olhavam preocupadas ao me verem cheirando sons que saiam dos autofalantes e ao invés de observar quadros e pinturas com aquela postura característica e ereta, eu logo me lançava com o ouvido direito em frente à imagem.Através de experiências práticas compreendi o porque é tão usual relacionarmos a cor vermelha ao amor e a paixão.Quem usa vermelho sempre tem uma segunda intenção.Custei a perceber os benefícios que minha fértil fantasia havia trazido para minha compreensão de forma, volume, textura, tempo e espaço, fiquei até preocupado em tornar-me um louco, esquizofrênico e desqualificado, foi então que voltei à leitura do Professor Leary, mas descobri que em momentos antes de sua morte suas únicas palavras foram: - Por que não!!!Passei a acreditar em mim novamente, voltei a acreditar nos sons das cores, nos cheiros dos sons, afinal...Se hoje eu acreditasse somente no que eu vejo...Eu não poderia fazer poesia. “Quem foi que disse que as cores não têm cheiro?”.O cheiro da cor cinza, está na cinza do cinzeiro...”

(Augusto Nesi)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cafona


1 – Gente que tenta impor a sua religião a qualquer custo, como se fosse a verdade única. Isso é mais cafona que pochete de nylon.

2 – Pessoas que se preocupam mais com a vida sexual alheia do que com a sua própria. Isso é mais cafona que piranha no cós da calça.

3 – Pessoas que fingem gostar de um vinho, que fingem entender um vinho, que fingem saborear um vinho, mas criam caso na hora de pagar os 10% do garçom. Isso é mais cafona que escutar funk no último volume em um carro tunado e com a roda rebaixada.

4 – Cafona pra mim é dar em cima de homem casado, acompanhado e com namorada. Mais até que ir à feira com bobs no cabelo.

5 – Cafona para mim, é homem que diz “EU TE AMO”, sendo que isso não é verdade. Que diz “TÔ COM SAUDADE”, e isso não é verdade. E “ESTOU PENSANDO EM VOCÊ”, não sendo verdade. Aliás, homens que brincam com sentimentos alheios, deveriam parar na cadeira elétrica. Isso é mais cafona do que perguntar se foi bom, depois de uma transa.

6 – Cafona pra mim é gente que usa da bebida ou da droga para ficar muito louca, muito doida, muito sem chão. Porque aí, qualquer coisa que der errado, foi culpa do “psicodélico”. Isso é mais cafona que coçar a cabeça disfarçadamente com o garfo de comida.

7 – Cafona pra mim é mulher que finge que é puta, sendo que na verdade é uma romântica. Coloca mini-saia, mas queria ganhar uma caixinha de músicas. Coloca espartilho, mas queria, na verdade, pipoca com DVD. Fingir um apetite sexual que não é seu é muito cafona. Isso é mais cafona do que ir na padaria de chinelo de dedo e meia.

8 – Cafona pra mim é não dar bom dia, boa tarde e boa noite para porteiros, cobradores de ônibus ou qualquer pessoa que te sirva. Odeio quem subestima as pessoas. Não acho elegante, não acho fashion, não acho humano. Isso é mais cafona que usar revista velha como papel higiênico.

9 – Acho muito cafona gente que usa o nome de Deus em vão para disfarçar um pré- conceito, uma idéia, uma opinião e com isso, manter toda uma hipocrisia por trás do escudo da fé. Como Deus não está aqui para se defender, vira alvo fácil dessa gente. Isso é mais cafona que esconder comida quando a visita chega em casa.

10 – Acho muito cafona quem critica os novos ricos e os deslumbrados. Se existe novo rico, é sinal de que o dinheiro muda de mão. E se o dinheiro muda de mão, é sinal de que há esperança. E se há esperança, a vida vale à pena. Não gostar dos novos ricos é mais cafona que ir em festa de Cosme e Damião só para comer doces.

(Evandro Santo - Cristian Pior)

Do It!

Tá cansada, senta Se acredita, tenta Se tá frio, esquenta Se tá fora, entra Se pediu, agüenta Se pediu, agüenta...Se sujou, cai fora Se dá pé, namora Tá doendo, chora Tá caindo, escora Não tá bom, melhora Não tá bom, melhora...Se aperta, grite Se tá chato, agite Se não tem, credite Se foi falta, apite Se não é, imite...Se é do mato, amanse Trabalhou, descanse Se tem festa, dance Se tá longe, alcance Use sua chance Use sua chance...Hê Hô, Hum! Nanananã! Hê Hô, Hum! Nanananã! Hê Hô, Hum! Nanananã! Hê Hô!, Hum!...Se tá puto, quebre Ta feliz, requebre Se venceu, celebre Se tá velho, alquebre Corra atrás da lebre Corra atrás da lebre...Se perdeu, procure Se é seu, segure Se tá mal, se cure Se é verdade, jure Quer saber, apure Quer saber, apure...Se sobrou, congele Se não vai, cancele Se é inocente, apele Escravo, se rebele Nunca se atropele...Se escreveu, remeta Engrossou, se meta E quer dever, prometa Prá moldar, derreta Não se submeta Não se submeta...Hê Hô, Hum! Nanananã! Hê Hô, Hum! Nanananã! Hê Hô, Hum! Nanananã! Hê Hô! Hum!...(2x)

“Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno.” (Caio Fernando de Abreu)

O que significa dezembro???


Os dezembros possuem um aroma almiscarado de saudade com esperança.
Dezembro é a encruzilhada, princípio e fim ao mesmo tempo, o ano corrente se despede enquanto o ano novo vem venturoso e repleto de possibilidades.
Dezembro é sempre mágico, é o encontro ímpar de passado e futuro, é a hora da reflexão e dos desejos, de enxugar as lágrimas do que não volta mais, e do sorriso de expectativa.
Dezembro é Natal, é beleza, é o momento da redenção, da Fé, do perdão, de lembrar dos esquecidos, dos desesperados, de enxergar além do próprio umbigo.
Dezembro é o mês de sermos mais humanos e estarmos mais sensíveis.
Dezembro é exceção, mas deveria ser rotina, é exemplo e deveria ser seguido.
Dezembro é o mês em que nos tornamos melhores, seja para compensarmos o que não fomos o ano todo, seja para começarmos a mudar para o ano que chega.
Dezembro é festa.Reveillon, pedidos escritos a lápis em papéis virgens e raramente lembrados depois, flores jogadas ao mar com refluxo ansiosamente aguardado e, crenças repentinas e fugazes que geralmente se dissipam com a fumaça dos fogos.
É promessa de mudança, é chama acesa! É tempo de saudade dos que não estão mais conosco e abrilhantavam nossos dias ou mesmo eram a razão principal deles.
É hora de repensar os erros e não mais comete-los, é o
momento de repassar os acertos e aprimorá-los.
Dezembro é o prelúdio do futuro, é a chave do recomeço, é a estação final do
passado, a conexão com o futuro, o momento de arquivar o que passou
de forma que possa ser facilmente consultado depois.
Dezembro é extremo,vé decisivo, é palco de todas as recordações,
é mais um álbum que se fecha.
Dezembro é quando eu me lembro mais da minha impermanência e de que sou só um grão de areia oscilando ao sabor das dunas intermitentes do destino que nunca cansam de se modificar. BOM DEZEMBRO PARA VOCÊ!!!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amigo


"Pode ser q um dia deixemos de nos falar...

Mas, enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo.

Pode ser que o tempo passe...

Mas, se a amizade permanecer, um do outro irá se lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...

Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximara.

Pode ser que um dia não mais existamos...

Mas, se ainda sobrar amizade, nasceremos de novo um para outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...

Mas, com amizade construiremos tudo novamente cada vez de forma diferente, sendo único e inesquecível cada momento que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre."

Carroça Vazia.


Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira depois de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai, e uma carroça vazia.

Perguntei ao meu pai:

- Como pode saber que a carroça está vazia. se ainda não a vimos?

- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça estávazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz de meu pai dizendo:

"Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz..."