quarta-feira, 5 de maio de 2010

Memória curta.


E aí a gente vai largando as chaves, o celular, o papelzinho com o telefone do marceneiro... E nunca sabe onde deixou.
Onde foi mesmo que eu larguei a caneta?
Hum, eu conheço aquele cara não sei de onde...
Como é mesmo o nome dele?

Você é assim também?

Memória fraca, né?
Será que é a idade que vai chegando...
Ou será sabedoria?

Eu gosto de deletar certas coisas da mente.
Se a gente descarta alguns pensamentos, é porque eles não são importantes mesmo.

Outro dia eu esbarrei numa pessoa no shopping.
Olhei, olhei, e senti que aquele rosto era familiar.
Cumprimentei educadamente, mas não parei para conversar.
Acredito que o meu sorriso foi o suficiente pra disfarçar o esquecimento.

Horas depois, em casa, bingo!!!
Lembrei de onde eu conhecia aquela cara.
Foi alguém do passado que me magoou.
A gente brigou e nunca mais se viu.

Senti um alívio danado por não ter lembrado da mágoa naquela hora.

E descobri que memória curta não é coisa da idade, não...
É sabedoria mesmo.
Esquecer um ressentimento é coisa de gente grande.
Gente de bem com a vida.
Gente que não se ocupa de remoer mágoas.

Essa coisa de lembrar só o que é importante e feliz é a tal memória seletiva.
Coisa que todo mundo deveria fazer.

O mesmo com os olhos e ouvidos...
Ouça e veja só o que faz bem pra alma.

Sabedoria pra mim é isso:
Ficar esquecido de episódios tristes.
Surdo de ruídos nocivos.
Cego de visões distorcidas...

Enquanto a memória falha, eu vou ficando melhor como pessoa....
E lembrando só do que vale a pena.
Do que é necessário. Só o essencial.

Confesso que esqueci onde larguei a chave do carro..

Mas eu lembrei de uma coisa ótima:
Não tenho a menor idéia do que me aborreceu ontem...

Porque hoje eu tô muito feliz!

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