Aos 20: ibuprofeno.
Aos 25: omeprazol.
Aos 30: rivotril.
Aos 35: stent.
Aos 25: omeprazol.
Aos 30: rivotril.
Aos 35: stent.
Uma estranha geração que toma café para ficar acordada e comprimidos para dormir.
Oscila entre o sim e o não.
Você dá conta? Sim.
Cumpre o prazo? Sim.
Chega mais cedo? Sim.
Sai mais tarde? Sim.
Você dá conta? Sim.
Cumpre o prazo? Sim.
Chega mais cedo? Sim.
Sai mais tarde? Sim.
Mas para a vida, costumava ser não:
Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.
Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.
Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.
Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.
Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.
Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre.
Só não tinha controle do próprio tempo.
Só não via que os dias estavam passando.
Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta.
Saia da corrida dos ratos.
Nayara Hofman
Via: O Desbravador
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