"...Da minha parte, sinto que há opções a fazer e que a gente as faz todos
os dias, em favor do abraço de conchinha. Passada a turbulenta
adolescência, tendemos a construir relações estáveis. Nelas, os abraços
cheios de sono e intimidade são mais frequentes que os beijos
apaixonados. Há uma troca que parece refletir as nossas necessidades
profundas. Deixamos de lado a paixão incandescente pelo afeto profundo.
Trocamos tesão por amor. Claro, essa não é uma solução inteiramente
satisfatória. Nem definitiva. Mas parece ser aquela que de forma mais
frequente atende a nossa insondável, dolorosa e contraditória humanidade
– a mesma que nos acorda no meio da noite, inquietos, e nos faz
procurar, no escuro, o calor e o conforto do corpo do outro."
(Ivan Martins)
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