Desculpa, eu acredito.
Mas quer saber?
Não quero viver no sonho, quero um amor real, não um amor de cinema.
Porque no cinema tudo é retocado.
É a vida real que mostra você e ele acordando com o cabelo bagunçado, bafo matinal, baba no travesseiro, rímel borrado, humor revirado, contas empilhadas, lençol amassado, roupas espalhadas num canto qualquer.
Amar é aceitar a parte fora do lugar do outro.
O lado obscuro, sujo, quase cruel.
Porque ninguém é santo, puro e limpo o tempo inteiro.
Nunca quis que as coisas fossem perfeitas, pois o que é perfeito não tem cheiro de real.
A gente vive buscando garantias.
Queremos que dê certo, queremos fazer dar certo, lutamos para colocar tudo nos trilhos, nos eixos. Mas a vida segue seu ritmo.
Os sentimentos têm seus próprios passos de dança.
E de vez em quando somos obrigadas a ensaiar um novo passo.
Nem sempre dura.
Nem sempre é eterno.
Nem sempre é como um sonho bom.
E precisamos lidar com isso.
Nem que seja na marra.
Nem que tenha que engolir o choro e de vez em quando forçar um ou outro sorriso.
Nem que a gente tenha que fingir que está tudo bem.
Eu gostava muito de você.
Era tão bonito, era tão intenso.
Acreditava no pra sempre.
Imaginei uma casa, uma família, uma coisa só nossa.
Um esconderijo, um refúgio, um paraíso.
Cada vez que eu pensava em você me dava um calorzinho no peito.
Cada vez que abraçava você o mundo parava de rodar por um segundo.
E eu achava que aquilo era amor, achava que aquilo era o certo, achava que a gente era certo um na vida do outro.
Mas não foi.
Não fui.
Não fomos.
Não somos.
Você foi para um lado.
Eu para o outro.
Não chegamos nem perto do sempre.
Mas teve graça e valeu muito a pena.
Valeu, sim.
Não fracassamos, claro que não.
Deu certo até onde tinha que dar.
Foi eterno até o dia que deixou de ser.
Não ficou nenhuma mágoa, nenhuma vontade, nenhuma saudade.
O que importa é a forma como a gente viveu e vive um sentimento.
Não importa que nome ele tenha.
Não importa se é um amor, um estar apaixonado, um gostar.
O que importa é querer que aconteça.
O que importa é querer que seja bom.
Não importa se vai durar um dia ou uma vida inteira.
Todo mundo quer que seja pra sempre, mas se não for o futuro vai dizer.
Se não for o amanhã nos manda um recado.
Mas pra saber só vivendo e se entregando como se ele, o famoso amanhã, não existisse.
Lindo... adorei :-)
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