"Da vida não quero muito.
Quero apenas saber que tentei tudo o que quis.
Que tive tudo o que pude. Amei tudo o que valia.
E perdi apenas, o que no fundo, nunca foi meu."
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Duas dúzias de coisinhas à-toa que deixam a gente feliz
Passarinho na janela, pijama de flanela, brigadeiro na panela.
Gato andando no telhado,cheirinho de mato molhado,disco antigo sem chiado.
Pão quentinho de manhã, dropes de hortelã, grito de Tarzan.
Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poço, um cachecol no pescoço.
Papagaio que conversa, pisar em tapete persa, eu te amo e vice-versa.
Vagalume aceso na mão, dias quentes de verão, descer de corrimão.
Almoço de domingo, revoada de flamingo, herói que fuma cachimbo.
Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.
(Otávio Roth)
Gato andando no telhado,cheirinho de mato molhado,disco antigo sem chiado.
Pão quentinho de manhã, dropes de hortelã, grito de Tarzan.
Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poço, um cachecol no pescoço.
Papagaio que conversa, pisar em tapete persa, eu te amo e vice-versa.
Vagalume aceso na mão, dias quentes de verão, descer de corrimão.
Almoço de domingo, revoada de flamingo, herói que fuma cachimbo.
Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.
(Otávio Roth)
Creio
"Creio que fui abençoada com um coração gigantesco e em contrapartida com um pavio bem curto, são os ápices que me mantém em pé."
Gatos
"Ter nas pessoas
a confiança dos gatos,
que fecham os olhos
e esticam o pescoço,
na certeza do carinho."
a confiança dos gatos,
que fecham os olhos
e esticam o pescoço,
na certeza do carinho."
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Jung
"O
principal objetivo da Terapia não é transportar o paciente para um
impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e
paciência diante do sofrimento. A vida acontece num equilíbrio entre a
alegria e a dor."
Feliz por nada!
Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque
engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de
estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um
porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo,
mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz
apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito
meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as
dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma
perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou
ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há
lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa
tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem
garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a
alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no
que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o
dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não
estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque
felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável,
é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado
consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer
comigo?
Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se
cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por
terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se
punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos
mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à
sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade
simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina.
Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter
que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida,
seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega
de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e
que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.
(Martha Medeiros)
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Carta de um portador de Alzheimer ao seu cuidador
Lembre-se
de que sou uma pessoa consciente, portadora de uma doença que
compromete minha memória, minha linguagem e meu raciocínio.
Não
perca a paciência se eu pedir a mesma coisa por mais de uma vez. É a
única maneira que tenho de dizer que eu não lembro o que falei antes.
Eu não sou deliberadamente teimoso, mau, ingrato ou desconfiado. A
deterioração do meu cérebro faz com que eu me comporte diferente do que
eu gostaria.
Eu não esqueço as coisas com a finalidade de magoar, irritar, embaraçar ou confundir. A doença me faz confuso e desorientado.
Não tire todas as responsabilidades de mim. Eu estou vivo e quero
estar incluído na sua vida e nas decisões que têm de ser tomadas.
Não pense que estou insensível à sua vida. Sinto dificuldade de verbalizar o que penso, concentrar-me no que gostaria.
Não desista de mim. Me estimule sempre. Não solucione todos os meus obstáculos. Isto somente me faz perder os respeito por mim mesmo e por você.
Não me repreenda ou discuta comigo. Isso pode fazer você se sentir melhor, mas só piora as coisas para mim; eu me reprimo mais e me afasto mais das pessoas com receio de errar sempre.
Não pense que estou insensível à sua vida. Sinto dificuldade de verbalizar o que penso, concentrar-me no que gostaria.
Não desista de mim. Me estimule sempre. Não solucione todos os meus obstáculos. Isto somente me faz perder os respeito por mim mesmo e por você.
Não me repreenda ou discuta comigo. Isso pode fazer você se sentir melhor, mas só piora as coisas para mim; eu me reprimo mais e me afasto mais das pessoas com receio de errar sempre.
Olhe-me nos olhos quando for falar comigo. Transmita-me paz e serenidade.
Não me deixe sem amor e carinho. Eu sempre vou sentir conforto e segurança quando você me beijar ou me acariciar.
Você poderá se sentir sozinho quando a doença avançar, mas saiba que não foi minha escolha ter demência. Por isso não me abandone.
Você poderá se sentir sozinho quando a doença avançar, mas saiba que não foi minha escolha ter demência. Por isso não me abandone.
Quando minhas pernas falharem para andar, dê-me sua mão terna para me apoiar.
Não fuja da realidade: eu tenho uma doença maligna. Troque de papel comigo, para poder entender que o que eu sinto é tão ou mais frustante do que você sente. Troque de lugar comigo e conheça as minhas aflições por esquecer minha história de vida e perder minha própria identidade
Não fuja da realidade: eu tenho uma doença maligna. Troque de papel comigo, para poder entender que o que eu sinto é tão ou mais frustante do que você sente. Troque de lugar comigo e conheça as minhas aflições por esquecer minha história de vida e perder minha própria identidade
Não se sinta triste, enjoado ou impotente por me ver assim. Dê-me em seu coração, compreenda-me e me apoie.
Por
último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só
quero morrerl, não se enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a
ver com seu carinho ou o quanto te amei. Trate de compreender que já não
vivo, senão sobrevivo, e isto não é viver.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Sozinhos
"Na vida deveriamos aprender a lidar melhor com a solidão, nascemos sozinhos e sozinhos morreremos e não ha nada a fazer quanto a isso..."
Dezembro
"Muito foi feito, muito foi vivido, muitas conquistas
alcançadas, e a gente está aqui, de novo, num novo Dezembro que sempre chega
com ares de vitória, embora precisemos de inteligência emocional para sentir.
Dezembro por si só já é um presente. Agracia-nos com um ar de lembranças, de
saudades, de continuidade, e nos dá e presente extra uma sensibilidade toda à
flor da pele para que a gente nunca deixa de lembrar que amadurecemos sim, mas
somos capazes de nos encantar como uma doce criança que acorda nos dias de
Dezembro."
2012
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